A exposição constante de uma grande quantidade de pessoas com relação a internet fez com que ao passar do tempo algumas dessas deixassem de se importar com a sua própria privacidade, isso não só auxilia o acesso para pessoas que usam essas informações para aplicar golpes e cometerem cibercrimes como fraudes, roubo de dados e extorsões, da mesma maneira que facilita as empresas na manipulação do usuário.

Este último fator foi tema de um documentário lançado nesse ano pela Netflix, “O Dilema das Redes” teve uma rápida popularização e levou muitos usuários repensarem temas como privacidade, polarização política e o vício no cenário das redes sociais e como este tem mais influência sobre a sociedade do que se era esperado.

Outro documentário que também aborda a manipulação no uso dos dados é o “Privacidade Hackeada” lançado no inicio de 2019 ele, assim como o outro filme, trás ao lado ruim das redes sociais, só que desta vez focando nas consequências políticas, trazendo com enfoque o caso da Cambridge Analytica, e como eles utilizaram sem permissão os dados do Facebook para influenciar as eleições estadunidenses.

Imagem:socilaescola.com.br

Segundo o engenheiro de software Gerson Tavares, ele afirma numa entrevista dada ao portal Explana Salvador:

“As redes sociais por natureza possuem algoritmos específicos para trazer até o usuário o tema que tenha mais afinidade como também os contatos que possivelmente você conheça na vida real, tudo isso para entregar uma experiência única (o mesmo se aplica a produtos), inevitavelmente o usuário fica dentro de uma “bolha” na plataforma potencializando seus pensamentos com o que lhe é entregue, permitindo ainda que seus questionamentos possam ser baseados em conteúdos irrelevantes. Esse conjunto de coisas pode trazer dois fatores: um progresso na democracia (como aconteceu em países com ditaduras) por meio da internet ou ideias radicais, infelizmente o usuário pode ser “uma cura” ou o “um problema”, todavia a influência é forte para esta geração.”

Como é dito tanto na fala do entrevistado quanto nos dois documentários mencionados, as redes sociais utilizam da nossa própria interação para poder indicar anúncios a determinados perfis de usuários que estariam de acordo com aquilo que está sendo mostrado, podendo gerar problemas como a radicalização e vício, além de ser considerado por muitos um tanto quanto invasivo. Curtidas, comentários, prints e o tempo de visualização de uma página todas essas ações são observadas para o melhor detalhamento do perfil do usuário. Essas plataformas são favorecidas por uma atitude que a grande maioria das pessoas possuem, aceitar os termos de uso do usuário sem ter lido, o que dá permissão a eles de coletar informações que perpassam a plataforma como, por exemplo, postagens públicas, localização dos usuários e mensagens particulares.

Ainda de acordo com Gerson Tavares:

“As ferramentas nas redes sociais permitem que você defina o que deseja exibir entre seus contatos e público, só não existe esse “privacidade” com suas informações para com a empresa responsável. Em qualquer plataforma de rede social “gratuita” você é o produto e suas informações sim, são vendidas (existe aquele jargão: “não existe almoço grátis”), esse fator é potencializado pelo próprio usuário que se permitiu entrar na “onda” de rede social e entregou (e entrega) sem pensar duas vezes suas informações descaradamente, por isso a afirmação do responsável pelo Facebook. Essa dependência de saber das coisas no fictício círculo de amizade torna o próprio usuário refém de uma ferramenta ridiculamente fútil”.

 Por outro lado, muitos governos utilizam softwares de monitoramentos das redes sociais para acompanhar atividades de políticas anormais como, por exemplo, movimentação de contas para a confecção de dossiês, além de rastrear origem de postagens a fim de identificar possíveis indivíduos com potenciais pratica de atos violentos.

Ainda é cedo para sabermos as extensões dos riscos e benefícios já que estudos não são conclusivos sobre esse assunto, mas já há uma lei no Brasil que busca limitar a quantidade de dados em relação ao comportamento online dos usuários que estão disponíveis para as empresas. A Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) sancionada em 14 de agosto de 2018 estava previsto para entrar em vigor a partir do mês de agosto de 2020 afeta diretamente a forma em que as empresas adquirem os dados pessoais de pessoas físicas, já que as mudanças mais discutidas em torno dessa lei é o consentimento do cidadão sobre a coleta dos seus dados e a comprovação da empresa de que aquelas informações serão úteis para a interação com seus consumidores.

Durante uma entrevista ao Explana Salvador o analista de infraestrutura Jurandir Oliveira afirmou:

“O fato de você não saber ou não ter o direito de estabelecer o que pode ser compartilhado, pode mudar sim, pensamentos ou criá-los, da mesma forma que manipular dados para obter sucesso em um determinado grupo de pessoas, pode acabar causando a desordem. Temos o exemplo das fake news, que desencadeou uma serie de desinformação, gerando conflitos civis, assassinatos, machismos, racismo, homofobia, distrações, etc. Se levarmos pelo lado técnico, estamos entregando o direito nosso de liberdade para as grandes empresas, o que nos deixa vulnerável para vários tipos de manipulação que se iniciam de forma sutil as que podem ter resultados mais agressivos, já se fomos pelo lado psicológico das redes sociais, estamos alimentando os desejos que temos em ser aquilo ou ter aquilo que nos é apresentado.”

Vídeo do projeto Meme – Privacidade na internet do Canal Futura no Youtube

Credito de Imagem: ciga.sc.gov.br

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